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Na cidade onde perdeu a vida pela nação, Tiradentes está presente em importantes logradouros

  • Leandro Neves
  • 21 de abr. de 2017
  • 4 min de leitura

Estátua de Tiradentes em frente ao Palácio que leva o seu nome, hoje sede da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj)

Autor: Leandro Neves

Um dos maiores heróis nacionais teve o pior capítulo de sua vida em terra fluminense. Pelas ruas do Centro do Rio, ele passou seus últimos momentos em um cortejo para sua dizimação. A marcha para a morte passou pelas atuais Rua da Assembleia e Rua da Carioca e terminou na Avenida Visconde de Rio Branco, em um espaço onde hoje funciona uma escola pública com seu nome.

Natural da divisa dos municípios de São José d’El-Rei e de São João d’El-Rei, Joaquim José da Silva Xavier havia se dirigido ao Rio para conseguir adesões à revolta da Independência e também para comprar armamentos. Mas a visita à capital do Império culminou exatamente no contrário, sua definitiva derrota.

Tiradentes foi preso em uma casa na atual Rua Gonçalves Dias e levado para a Cadeia Velha, onde funciona hoje a Assembleia Legislativa do Estado (Alerj). Deste local foi onde saiu o cortejo mortal. Segundo o Jornal Diário de Notícias, de 23 de abril de 1944, “uma grande multidão aglomerava-se na planície próxima e no morro de Santo Antônio” para assistir à tragédia.

Morro de Santo Antônio visto da Rua da Assembleia. Em cima, está o Convento do santo casamenteiro.

Autor: Leandro Neves

Morro de Santo Antônio visto do lado oposto - Avenida República do Paraguai. Ao lado, está o prédio do BNDES.

Autor: Leandro Neves

A região onde o enforcamento foi concretizado era um dos principais logradouros do Império, chamado de Campo da Lampadosa. Este título foi dado a partir de 1747, quando foi inaugurada uma igreja em homenagem à Nossa Senhora da Lampadosa, ainda de pé na Avenida Passos (veja foto abaixo). Foi ali onde antes de ir preso Tiradentes pode assistir sua última missa.

A estreita Igreja de Nossa Senhora Lampadosa

Autor: Leandro Neves

O exato local da morte se tornou uma das obras mais nobres da humanidade, a escola. Muito mais do que o nome que identifica o espaço de ensino, construído em 1905, o legado de Tiradentes é a grande herança para as crianças. Em uma época repleta de vilões nas esferas de poder do país, é preciso mais do que nunca resgatar bons exemplos.

Escola Municipal Tiradentes

Autor: Wikipedia

Estátua em memória da morte de Tiradentes, no pátio interior da escola

Mas o reconhecimento de Joaquim Xavier como herói nacional demorou. Só foi oficialmente concedido três anos depois Proclamação da República, em 1892, centenário de sua morte. Neste ano, o Campo passou a se chamar Praça Tiradentes. Em 1926, o mártir ganha homenagem ao dar nome à sede da Câmara dos Deputados, o Palácio Tiradentes, com direito à estátua (a do início da matéria).

PRAÇA TIRADENTES, ESTÁTUA DE DOM PEDRO I

Maior monumento da América Latina faz homenagem à Constituição do Império

Autor: Leandro Neves

mbora o nome da praça seja do herói, nela não se avista nenhuma imagem do homenageado. Pelo contrário, o principal monumento tem como destaque Dom Pedro I. A peça chama a atenção por sua grandiosidade. Tanto é que este é o maior monumento da América Latina. A importância dele também se dá porque foi o primeiro colocado no país, inaugurado em 1862.

A construção foi feita para comemorar a constituição brasileira do Império, defendida e jurada por Dom Pedro no Real Teatro São João (hoje João Caetano), localizado na Praça. Além do Imperador, o monumento possui embaixo uma pela quadrangular, onde há quatro alegorias que representam, uma de cada lado, grandes rios brasileiros: São Francisco, Madeira, Amazonas e Paraná.

Os elementos da Praça que mais lembram Joaquim Xavier são as alegorias que representam as quatro virtudes das nações modernas. Instaladas em 1865, “A Justiça”, “A Liberdade”, “A Igualdade” e “A Fidelidade” foram vividas na prática pelo mártir.

Estátua " A Justiça" - ao fundo o Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro (Crab)

Autor: Leandro Neves

O LEGADO VIVO

Apesar de todas as adversidades, Tiradentes mostrou que a busca pelo bem estar social jamais deve ser traída. Ele almejava a libertação do país contra toda a repressão e subdesenvolvimento que a metrópole portuguesa submetia a colônia e lutava ainda pelo fim da escravidão.

O embate contra o sistema da época se torna ainda mais emblemático e importante pelo difícil momento que o Brasil vive. Com corrupção desenfreada e reformas que visam acabar com direitos do povo, como as da previdência e trabalhista, vários políticos e membros do Judiciário se corrompem para fazer as vontades do governo federal.

Mas a história de Tiradentes mostra que nada vale mais do que um ideal nobre: o do bem estar da nação em detrimento do próprio. Se a grande maioria dos brasileiros seguisse este exemplo, seríamos de fato independentes. Porém, a fidelidade aos ideais não pode ser de apenas um indivíduo ou de um pequeno grupo, sem poder para resistir à forca.

A luta deve ser de um grupo de tamanho suficiente que possa manifestar-se pacificamente e pressionar o poder estabelecido. A busca e manutenção dos direitos, assim como o diálogo com o governo, só existem com mobilização e força comunitária incorruptíveis.

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