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Muito além do especial, Rio possui outras cinco divisões de escolas de samba

  • Leandro Neves
  • 4 de mar. de 2017
  • 4 min de leitura

Carro abre-alas da escola Lins Imperial, da Zona Norte, no carnaval 2017

Foto: Portal SRzd, Adriana Vieira

Grupos vão do A ao E. A partir do B, agremiações desfilam em uma via do subúrbio da cidade, onde a informalidade toma conta

Os desfiles do carnaval no Rio de Janeiro este ano ficaram marcados pelos acidentes na Sapucaí, pelo amadorismo da Liga Independente das Escolas de Samba do Grupo Especial (Liesa) e pelo título da Portela após 33 anos de jejum.
Mas, todos esses acontecimentos se restringem ao supra sumo do carnaval da cidade maravilhosa, o grupo especial. O que pouca gente sabe é que, como no futebol, abaixo dele há várias divisões.
Além da elite, ainda há cinco grupos de agremiações que tentam um espaço de glória na Sapucaí. Juntando todas as divisões, são 87 escolas de samba no Rio. Algumas, claro, parecem mais blocos devido às estruturas de pequeno porte.
O grupo A é o único que tem o prestígio de desfilar na principal avenida do samba. Nos últimos anos, esta divisão teve seus status elevado com o início da transmissão da TV Globo para todo o estado do Rio.
As escolas desse patamar, muitas das quais estavam há muito tempo no acesso esquecidas, ganharam novamente a fama e até torcida. Além disso, passaram a receber dinheiro pela transmissão de seu desfile.
Dificilmente uma escola deste grupo, quando sobe para o especial, consegue se manter por lá. A competição na elite é muito acirrada e tanto a Liesa quanto os jurados do primeiro escalão guardam um certo preconceito com as que ascendem.
As últimas felizardas que subiram e se mantiveram foram São Clemente, União da Ilha e Vila Isabel. Este ano, por uma decisão equivocada da Liesa, nenhuma escola foi rebaixada e a Paraíso do Tuiuti conseguiu também se manter.
Escolas de tradição estão há anos no acesso
Carro abre-alas da Império Serrano no desfile deste ano
Foto: Luiz Eduardo/Divulgação
Grandes agremiações do carnaval do Rio estão há muito tempo desfilando no A, como Estácio de Sá, Império Serrano – que subiu para a elite no ano que vem, Viradouro e Porto da Pedra. Elas, juntamente com outras escolas que costumam fazer desfiles competentes, ajudam a abrilhantam o acesso.
Do B ao E, o desfile é no meio da rua
Mestre-sala e porta-bandeira da Unidos de Bangu, após desfile da escola este ano. Campeã da série B do carnaval 2017, ano que vem a agremiação desfilará no Sambódromo.
Foto: Adriana Vieira/Portal SRzd
Quem fica mesmo no ostracismo são os grupos inferiores, que vão do B ao E. Eles não tem uma avenida apropriada para os desfiles, nem sequer com estrutura similar, e em menores proporções, ao sambódromo. As agremiações se apresentam em uma via comum, a Estrada Intendente Magalhães, no bairro do Campinho, zona norte do Rio.
Não há nada de especial nesta via. O asfalto é comum como qualquer outra rua do município. As arquibancadas são improvisadas durante os quatro dias de desfile. Durante o intervalo da passagem das agremiações, crianças brincam na passarela, pessoas passam de um lado ao outro e a festa acontece com muita informalidade.
Assista ao compacto do desfile deste ano da Escola Alegria do Vilar, do Grupo D
No grupo B, este ano desfilaram escolas de peso: Tradição e Caprichosos de Pilares. A primeira conseguiu ficar em terceiro e subiu para o A; representando mais um êxito da região de Madureira; a segunda foi antepenúltima e caiu para o C.
Dificuldades financeiras são evidentes
As dificuldades dessas agremiações é facilmente perceptível durante a passagem delas pela Intendente Magalhães. A marca mais nítida dos parcos recursos financeiros são as alegorias. A maioria dos carros e tripés são muito simples; alguns bonecos, revestimentos e até a letra que leva o nome das escolas no carro abre-alas parecem feitos por amadores.
Uma das maiores dificuldades das escolas que sobrem da Intendente para a Sapucaí é a mudança completa de estrutura dos desfiles. O nível de competição passa a ser outro e, por isso, o investimento financeiro se torna muito maior para que os ascendentes consigam se manter no sambódromo.
Nomes curiosos chamam atenção
Se para as competidoras desfilar em Campinho não tem nada de glamour, pelo menos para o público há também o lado bom. As arquibancadas são gratuitas, há sambas e desfiles bons para se entreter, é oportunidade de ver o surgimento de talentos e novas agremiações e ainda é possível se inspirar – ou se divertir – com a criatividade para dar nome às escolas.
Alguns dos mais inusitados são: Arame de Ricardo, Em Cima da Hora, Vizinha Faladeira, Favo de Acari, Boca de Siri, Flor da Mina do Andaraí, Império da Uva, Chatuba de Mesquita, Feitiço do Rio e Chora na Rampa. Mas há outras nomenclaturas que despertam curiosidade.
Se os nomes podem sugerir amadorismo, sobra força de vontade de muita gente para que a tradição das agremiações se mantenha viva no Rio. A diversidade de escolas é a prova de que o carioca ainda é um amante perdidamente apaixonado pelo samba. Não importa tanto em qual divisão se esteja, mas sim a garra e dedicação para se fazer um honrado desfile.

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