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Madureira, o histórico centro comercial suburbano

  • Leandro Neves
  • 5 de mar. de 2017
  • 4 min de leitura

Vista aérea de Madureira

Foto: Fabiano Rocha/Agência O Globo

As escolas de samba são o cartão-postal de um dos bairros mais tradicionais do Rio, que se destaca por muitas outras qualidades. Madureira tem um dos times mais respeitados da cidade, o Madureira Esporte Clube, o bairro hoje possui o terceiro maior parque de lazer da cidade, com mais de 3km2, e sempre foi o principal centro comercial e cultural do subúrbio.

Se tudo isso torna a região uma das mais queridas dos cariocas, foi a posição estratégica e a vocação comercial que impulsionou seu desenvolvimento. Na Revista Ilustrado, de 1937, que faz parte do acervo da Biblioteca Nacional, o bairro foi tema de um artigo que explicava a sua importância dentro da economia do estado desde o século XVIII.

A região, segundo o artigo, servia como passagem e entreposto entre diversas outras localidades. O Largo do Campinho, no bairro de mesmo nome e contíguo à Madureira, era o ponto de convergência entre estradas que provinham de Jacarepaguá, de bairros da Zona Oeste como Realengo e Santa Cruz, da zona norte como Irajá e Pavuna e de outros distritos e municípios como Itaguaí e Itacuruçá (Mangaratiba).

Mapa da região de Madureira

Largo do Campinho atualmente. O local é o encontro de importantes vias da região como Rua Domingos Lopes (Madureira), Estrada Intendente Magalhães (Campinho), Rua Cândido Benício (Jacarepaguá/Praça Seca) e Av. Ernani Cardoso (Cascadura).

Fonte: autor desconhecido.

Hospedagem para tropeiros com destino a Minas Gerais

No largo onde termina a Estrada Intendente Magalhães, local de desfile das escolas do grupo de acesso (B ao E), comboios de tropas e de animais das fazendas dos Jesuítas passavam para se deslocar entre regiões da cidade e municípios próximos. Tropeiros, principalmente depois da descoberta do ouro em Minas Gerais, faziam do largo espaço de descanso e hospedagem.

A posição geográfica estratégica fez com que surgissem por ali importantes vias e, no final do século XIX e início do XX, linhas ferroviárias. Em 1890, Madureira ganhou sua primeira estação de trem de passageiros, no ramal da Estrada de Ferro Dom Pedro II, hoje conhecido como Central do Brasil.

Localização de Madureira no Grande Rio

Em 1908, o bairro ganhou uma nova estação, hoje denominada de Mercadão, do ramal Melhoramentos do Brasil. Esta linha ligava o centro do Rio à Estação Ferroviária de Leopoldina, em Além Paraíba, município do interior fluminense. A Estrada passava por Minas Gerais para chegar ao destino final e foi extinta nos anos 60.

Mapa da Estrada de Ferro Melhoramentos do Brasil, 1898

Fonte: Blog Trens da Serra do Rio de Janeiro

Fazendas foram fundamentais para o desenvolvimento de Madureira

Outro ponto crucial para a formação dos bairros da região era existência de várias fazendas em seu entorno, que desenvolviam atividades agropecuárias. Hoje muitas delas dão nome a bairros, como a do Campinho, de Cascadura, do Engenho da Rainha e do Vigário Geral, e a ruas, como a da Portela.

Com fácil acesso e com áreas produtivas nas redondezas, o bairro se transformou no início do século passado em um importante centro de abastecimento da então capital da República. A construção do Mercado de Madureira, em 1914, consolidou a vocação da localidade como centro comercial. Em 1929, este mercado foi ampliado e passou a ser o maior ponto de distribuição de alimentos do subúrbio.

Tradição mantida

Madureira manteve suas características de importante centro comercial carioca. O Mercado, hoje chamado no aumentativo, se expandiu ao longo das décadas, mesmo com a perda de sua importância com a criação do Centro de Abastecimento do Estado do Rio de Janeiro (Ceasa), em 1974, no bairro próximo de Irajá.

O Mercadão é considerado a segunda maior área de comércio popular do Rio e possui grande variedade de lojas, como de artigos religiosos, gêneros alimentícios, papelaria, festa, vestimenta, entre inúmeros outros tipos.

A forte economia da região só foi mantida por conta da facilidade de deslocamento até o bairro, ampliada com aumento de opções no transporte público. Além da ampliação do número de vias automotivas, a região é cruzada por muitas linhas de ônibus e trens para vários bairros e municípios do Grande Rio e é atendida por estações de BRT (Bus Rapid Transit), que ligam o Aeroporto do Galeão, na Zona Norte, à Barra da Tijuca, na Zona Oeste.

Saiba mais sobre a cultura da região

No quesito cultura, além de agremiações como Portela e Império Serrano, a região reúne eventos e locais únicos no território fluminense e quiçá brasileiro. Há um centro cultural dedicado ao jongo (dança de origem africana), a Feira das Yabás (evento mensal de música e gastronomia tipicamente afro-brasileiras), o Trem do Samba (evento que parte da Central do Brasil, desembarca em Oswaldo Cruz e vira uma grande festa no bairro) e o baile charme do Viaduto Negrão de Lima.

Viaje em uma das edições do Trem do Samba:

Quer conhecer esses locais? Então entre nas páginas oficiais dos eventos e instituições:

Centro Cultural Jongo da Serrinha

http://jongodaserrinha.org/

Feira das Yabás

https://www.facebook.com/feiradasyabasoficial/

Baile charme

http://viadutodemadureira.com.br/2016/

Trem do samba

https://www.facebook.com/tremdosambai

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